segunda-feira, 18 de julho de 2016

Ah, o Zagueiro...

Caros ébrios,

Existe uma posição no campo de futebol que é extremamente vibrada. Talvez, pela empatia dos aficionados de futebol, por achar que esta posição, teoricamente, não precisa de técnica, mas força, vontade, raça, garra, e amor à camisa. Essa posição é o zagueiro.

Nós, torcedores fanáticos, temos um verdadeiro carinho em relação aos nossos bons beques. Vou relatar apenas dois casos.

Tenho um grande amigo chamado Teófilo. Um palmeirense tão chato quanto qualquer outro torcedor de times adversários. Mas o seu maior ídolo no futebol é o zagueiro Tonhão.

Para os que não se lembram deste zagueiro, ele não era o mais técnico, não era aquele zagueiro que tinha uma excelente saída de bola, mas era um zagueiro sério, que não tinha tempo ruim. Se precisasse chegar mais duro chegava, e era bastante preciso no jogo aéreo. em suma, um excelente zagueiro.

Mas para o Teófilo, Tonhão era Backenbauer. Era seu ídolo. E um belo dia, ele teve a oportunidade de encontrá-lo. Emocionado, se lembra de uma final de campeonato contra o Corinthians. Nesta final, o goleiro alvi-negro se desentende com o "paciente" Edmundo. O juiz, resolve expulsar quem? O Tonhão. Sim, o ídolo de um menino ruivo de Barueri.

Indignado, Teo vai se lembrar do ocorrido para o ex defensor. Em prantos, combinaram de caçar o Ronaldo por "forjar uma agressão", e enfim agredir o ex arqueiro. Tonhão deu risada e apoiou a vendetta de seu fã!

O outro caso, pode não ser tão emocionante como a história anterior, mas é emocionante para que vos conta essa história.

Meu maior ídolo no futebol, como os mais chegados sabem, é Don Diego Lugano. Ele não está nem próximo de ser o maior zagueiro da história do São Paulo, nem o maior zagueiro da história do Uruguai. Mas o cara é raçudo. Sempre foi. E foi o cara que marcou a minha adolescência quando comecei a acompanhar mais sério o futebol.

Bom, desde sua saída após a final da libertadores de 2006, sempre falei: quando ele voltar, eu vou buscá-lo no aeroporto! Depois de uma pressão muito grande minha, e de alguns muitos torcedores, o São Paulo repatria o zagueiro uruguaio. Fui cumprir a minha palavra. Eu, e mais 1100 pessoas.

Claro, nós esse bando de desocupados, e fanáticos pela representatividade desse jogador, mesmo sabendo que ele não jogaria o mesmo que 10 anos atrás, fizemos questão de recebê-lo nos braços. Literalmente. Foi a cena mais emocionante que vi na minha vida, em relação à futebol.

Mas o que essas histórias têm a ver? No último parágrafo, disse sobre a representatividade de Lugano. Para o Teo, a representatividade do Tonhão. Para alguns corintianos, Betão é um dos mais queridos do parque São Jorge (odiado por nós tricolores. Talvez por isso o amor deles ao ex zagueiro).

Um outro exemplo de representatividade é o zagueiro David Braz. Não é de longe um bom zagueiro. É daqueles medianos para baixo. Mas ele vibra tanto, comemora tanto, corre, luta, briga, se esforça, que os torcedores dos times nos quais ele passou possuem boas recordações.

Mas isso tudo porquê? Por quê gostar dos "patinhos feios" do futebol? Eu tenho uma teoria.

O zagueiro, na verdade, é a posição mais difícil de se atuar em campo. Até porquê, ele tem que prever a ação do atacante adversário. É quase um lance exotérico. O zagueiro tem a missão ingrata de parar o cara que mais tem habilidade do adversário, sem fazer falta, jogar a bola no mato, tirar a bola de perto do gol, impedir com que a bola chegue ao gol adversário, iniciar toda a jogada de ataque, e se der, fazer gol quando sobe pra atacar.

Só o fato de você trabalhar com a previsão de determinados assuntos é difícil pra burro! Ou seja, o zagueiro é uma posição mais que ingrata.

Mas é a posição que mais nos identificamos. Pois geralmente, esses zagueiros são caras muito sérios. E de tanta seriedade, às vezes ele acaba se atrapalhando. Ele, é o cara que tem o poder de nos vingar, quando temos vontade de dar uns bons catiripapos no atacante baixinho do time adversário que insiste em fazer gol em nós! E tudo isso, geralmente com uma simplicidade e humildade que nos cativa.

Vai ser o zagueiro, aquele cara que geralmente impede o gol, e que quando faz o gol, comemora igual a nós nas arquibancadas, pulando, berrando, socando o ar, mandando todo mundo pra pqp, e que todos no time, ficam muito felizes ao ver esse cara fazer o gol, justamente por ele nunca fazer gol!

É justamente o beque, que vai impedir na força física, que aparentemente é movida pelos berros das arquibancadas, que vai conseguir tirar impedir o ataque.

E quando ele joga a bola no mato? Ah, não existe um na arquibancada que não grite: "AEEE"!

Ou seja, o zagueiro é o cara que mais representa o torcedor em campo. Justamente por toda a sua vibração que ele passa em campo. Talvez, seja este o cara que mais se sinta inflamado pela torcida. Diferente daquele segundo atacante de cabelinho ajeitado, com chuteiras coloridas.

E quando esse cara consegue fazer tudo isso que lhes foi apresentado, ah meus amigos, esse cara é endeusado. Mais endeusado que o atacante do seu time. E mesmo que não seja, ele sempre terá um espaço no Olímpo do coração dos mais românticos pelo futebol.

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