domingo, 18 de setembro de 2016

A crise da arbitragem


A crise da Arbitragem é um tema que se faz presente, a cada dia com mais intensidade, nos últimos anos. Mas, a que isso se deve? De onde (além do próprio campo de jogo) vêm as impressões de que os árbitros têm errado cada vez mais?
Pois bem. A resposta não se limita aos gramados nem ao talento (ou falta dele) para a mediação do jogo. E é ai que a merda acontece.
Se consultarmos a regra 5 do futebol veremos que seu primeiro item diz sobre o árbitro que sua função é "de fazer cumprir as regras do jogo". Sendo assim os juízes, como são popularmente chamados, têm a função de mediar conflitos, observar infrações e zelar pela fluência das partidas - preceitos estes nos quais as equipes de arbitragem têm falhado ridiculamente.
Num tempo distante, em que o futebol tinha outro ritmo e a tática, e mesmo algumas das atuais regras não existiam, as infrações eram estabelecidas por "acordos de cavalheiros" entre as duas partes. Até que em 1868 surge a figura do árbitro, esta que só ganha plenos poderes no campo de jogo quase três décadas depois.
No entanto, durante a maior parte do tempo em que se praticou o futebol, tanto o ritmo; velocidade; tática e regras mudaram, dificultando o papel da equipe de arbitragem.
A velocidade (que ano a ano substitui a técnica) tem aumentado vertiginosamente nas últimas décadas, assim como o dinamismo tático. Tudo isso agregado ao fato de que a quantidade e qualidade das câmeras, e por consequência da captação de imagens, deu um salto nas últimas décadas. Lances que no passado eram imperceptíveis a olho nu agora são minuciosamente destrinchados por dezenas de softwares e analistas que não sofrem com a pressão das arquibancadas e têm todo o tempo para analisar as repetições do lance, em câmera lenta, por diversos ângulos... Serviço que qualquer um, mesmo sem um pingo de capacitação, poderia fazer tranquilamente.
Por outro lado há, evidentemente, a incompetência técnica ou mesmo física, ambas que levam ao erro humano. Incompetência essa que também tem aido crescente nos últimos anos. (Que se deve a muitos fatores - desde a preparação até a questão da profissionalização da classe) Ou seja, tudo isso se soma às transformações, já citadas, na prática do jogo colaborando para a queda de qualidade. Além disso há outra questão: A má intenção ou, como popularmente é chamada, "operação".
Este assunto é tratado de forma hipócrita e até mesmo burra, por parte da grande maioria de comentaristas acéfalos que povoam a crônica esportiva Brasileia. Mas é evidente que além de todos os fatores elencados aqui há que se colocar nesse balaio os casos absurdos de manipulação, como o que o ocorreu no Campeonato Brasileiro de 2005 (que manchou a competição naquele ano), ou mesmo o grandioso esquema desmantelado no campeonato italiano em 2006 que culminou com o rebaixamento e a cassação dos dois últimos títulos da Juventus anteriores àquele ano.
Também há que se ressaltar a pornográfica atuação do árbitro Carlos Amarilla prejudicando o Corinthians em partida contra o Boca Juniors válida pela Copa Libertadores da América de 2013.
Casos como esse colocam em cheque muitas arbitragens falhas (ou teoricamente falhas) e o que as teria levado a resultados tão catastróficos no que se trata de performance. É muito difícil que se compreenda a qual dos fatores acima se devem muitas das vergonhosas atuações. Além do efeito Davi e Golias nas arbitragens que leva o árbitro, muitas vezes, a decidir pelas equipes grandes nos momentos de lances duvidosos. Alguns times, inclusive, sendo muito mais frequentemente ajudados (não há citações a nomes porque não tenho dinheiro para pagar processos)
O interesse financeiro que permeia o certame; a pressão da mídia e das torcidas; o interesse dos detentores dos direitos de transmissão; empresários e muitas outras questões talvez pudessem ser menos influentes no processo decisivo dos árbitros através do emprego da tecnologia no futebol, assim como acontece em diversos outros esportes, de forma dosada e coerente. Talvez essa seja a única forma de preservar ou reaver qualquer lisura que possa haver no futebol. Porque muito ao contrário do que diz a regra 5 os juízes há muito tempo não têm feito mais cumprir as regras do jogo, não em sua plenitude.