domingo, 29 de janeiro de 2017

Títulos, Rebaixamentos, Mundiais, FIFA e afins

Caros ébrios,

Para a compreensão deste texto, peço que deixem de lado o clubismo que nos acompanha como torcedores, e vejam pelo lado mais crítico.

Nesta semana, está em discussão a notícia veiculada pela FIFA, que em nota afirma que apenas os mundiais a partir de 2000 são legítimos. Para dar a minha opinião, vou recorrer antes a outros fatos do futebol.

Em 2002, o campeonato Paulista foi ganho pelo Ituano, clube da cidade de Itu (Acredita que era Itu e não Pirapora?). Neste ano, os 4 grandes de São Paulo, disputaram o extinto Torneio Rio-São Paulo, e por esse motivo não participaram do campeonato paulista. 

Agora lhes faço a seguinte pergunta: Isso diminui a conquista do time de Itu? Por não ter jogado com os ditos grandes da capital paulistana? Se olharmos de maneira clubista, sim. Porquê eles não possuíam time para enfrentar os grandes, etc. Mas lhe desafio a falar isso para um torcedor fanático do Galo de Itu! O regulamento da FPF deixou claro isso, e o Ituano foi o então campeão do torneio. Independente se foi de baixa qualidade técnica naquela partida.

Mas esse campeonato foi muito estranho de fato. Você não consegue imaginar um campeonato Paulista sem os grandes da capital. 

Essa conquista, mal é lembrada por quaisquer aficionados por futebol de São Paulo. Mas é lembrado e comemorado pelos torcedores do Ituano. E ninguém discute isso.

Porém, quando se trata de clubes grandes, a história muda.

Simplesmente por tentarmos sempre achar maneiras de tentarmos diminuir a história de nossos rivais tentando achar máculas nas respectivas histórias. Darei exemplo dos 3 grandes da capital.

Muitos amigos torcedores de times rivais, vêm me falar do suposto descenso do SPFC em 1990. Pois fomos os últimos colocados naquele ano, e depois disputamos uma espécie de "mata-mata" entre as equipes daquele ano. Contudo, em 1990 pela regra que está disponível no site da FPF (www.futebolpaulista.com.br), não havia rebaixamento naquele ano. Agora, fale isso para um torcedor rival...

Já em 2000, o Corinthians sagrou-se campeão mundial, após uma disputa de pênaltis contra o Vasco da Gama. Desde aquela época até hoje, o torcedor alvinegro escuta aquela velha piada: como pode mundial sem Libertadores? Simples. Pelo regulamento do campeonato, o campeão nacional jogaria o polêmico campeonato mundial. O Corinthians, ganhou aquele campeonato. Não sejamos hipócritas. Foi merecido. Algo semelhante quase aconteceu ano passado, quando o Kashima Antlers levou o "poderoso" Real Madrid para a prorrogação. Se eles tivessem sido os campeões, seriam sem ter conquistado a "Libertadores da Ásia". Eles eram "apenas" campeões nacionais.

E em 1951, o Palmeiras foi campeão da Taça-Rio. Campeonato, no qual foi considerado por toda mídia do país como Mundial de Clubes. Tendo em vista, que esse título foi após o até então maior desastre do futebol brasileiro. Aquele título, foi visto como uma espécie de alento aos torcedores brasileiros da época. Contudo, no século passado, um ex-ministro pede que a FIFA reconheça esse título como mundial, então desconhecido pelos torcedores de outras agremiações (e também dos não tão fanáticos pela torcida alvi-verde). O reconhecimento veio por Fax, e o Palmeiras se tornou campeão mundial, de um torneio ganho no ano seguinte pelo Fluminense que não obteve o mesmo reconhecimento.

Depois desses 3 exemplos, lhes pergunto: O São Paulo foi rebaixado? Corinthians pode ganhar um mundial sem Libertadores? Palmeiras tem mundial?

Meus caros, não importa o que torcedores e instituições digam, quando falamos de paixão. Se acharmos que não caímos, ou que somos campeões de determinados campeonatos, não vai existir nada que nos impeça de falar isso. 

Contudo, o maldito do lado técnico e "profissional" que temos que submeter nossos sentimentos hoje em dia, exige que confiemos nestas instituições. Nós torcedores românticos, a utilizamos ao nosso prazer esses regulamentos e usamos quando queremos para fazer o papel de advogado de defesa dos nossos times no "Bar da Dita" mais próximo.

Segundo a FPF, o SPFC não caiu. Segundo a CBF, o Palmeiras tem 9 campeonatos brasileiros, e o Corinthians é 2 vezes campeão mundial. É o frio regulamento.

O que quero dizer com tudo isso, é que pouco importa toda essa discussão. Obviamente, a FIFA irá valorizar apenas os campeonatos organizados por ela. Para os uruguaios, eles são tetra campeões mundiais. Segundo eles, os ouros ganhos nas olimpíadas antes de 1930, são mundiais tão quanto os de 1930 e 1950. Eles se importam com o que a FIFA diz? Acredito que nem um pouco...

Agora, só você torcedor sabe a dificuldade do seu time em ganhar qualquer campeonato. Só você sabe a história, e só você sabe como é bom gritar É CAMPEÃO! 

Duvido, que o torcedor vascaíno, ou de qualquer outro clube não gostaria de ter ganho o mundial de 2000. Duvido, que qualquer torcedor do país, não gostaria de que em 1951 ganhasse um campeonato e fosse chamado pela mídia brasileira como um todo de campeão mundial, servindo de um alento para o deprimido torcedor brasileiro após uma tragédia no Rio de Janeiro. Até mesmo o campeonato paulista de 2002!

Não importa o que o torcedor do clube rival diga. Só nós sabemos a grandeza de nosso clube. E nossa paixão não deve ligar para o que uma instituição futebolística diz. Talvez, se ela não estivesse envolvida em tantos casos de corrupção...

Tendo em vista todo esse desabafo, realizado neste breve texto, encerro com uma pequena frase cativante, de forte impacto e que resume todo este ensaio:

FODA-SE, FIFA!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Nova medida da FIFA - Desvalorização do futebol Sul-americano


Ontem a FIFA, entidade máxima do futebol mundial, expôs em nota em seu site oficial que apenas são considerados campeões mundiais os clubes vencedores à partir do ano 2000 (Quando com um time espetacular o Corinthians venceu a equipe do Vasco da Gama em final disputada no Rio de Janeiro). Pois bem. Primeiro consideremos os fatos: a nomenclatura é, nesse caso, mera formalidade já que é inegável a importância das conquistas dos 25 clubes que se sagraram campeões da então Copa Européia-Sul-Americana ou Copa Intercontinental. Por motivos óbvios equipes dos outros continentes não eram incluídas já que ao contrário de América do Sul e Europa os outros continentes tinham um futebol ainda embrionário, amador em todos os aspectos. Nos Estados Unidos, por exemplo a liga do lá chamado “soccer” foi amadora até meados dos anos 2000 com a criação da MLS. Na Ásia o futebol só deixou de ser amador à partir do final da década de 1980 quando nomes como Zico e Toninho Cerezo desembarcaram no Japão dando os primeiros passos para a futura J League. Ou seja, não faria sentido técnico que equipes norte americanas, africanas ou asiáticas tomassem parte na disputa já que seriam massacradas pelos verdadeiros esquadrões de times como Milan, Ajax, Real Madrid, São Paulo, Santos, entre outros.
O que se percebe nessa iniciativa da FIFA é não somente uma simples questão de nomenclatura, mas o total “rebaixamento” moral e histórico dos times sul-americanos (com os quais a FIFA nunca, de fato, se importou). Agora segundo a contagem os sul-americanos (mais precisamente brasileiros) têm 4 conquistas, enquanto os europeus têm 9. Claro, sem contar o “misterioso” hiato entre o final de 2000 e 2004.
Então, você torcedor de Inter, Corinthians e São Paulo, antes de caçoar de seu colega que torce para um campeão intercontinental, pense antes no que a entidade máxima do futebol quer, e está fazendo com os sul-americanos em nome de seus queridinhos europeus.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Pra que serve o futebol?


Aqueles que não são afeitos ao futebol costumam resmungar pelos cantos “por que você assiste isso?”. “Que graça tem essa porra?”. “Os caras tão ricos e você ai gritando sem ganhar um tostão”.
Este ensaio nada mais é do que uma resposta aos ignorantes (no aspecto mais puro da palavra - ‘aqueles que ignoram, desconhecem’) acerca dessa arte praticada nos gramados, ruas e campos de terra e areia do mundo todo. Para que a questão fique clara é preciso que voltemos alguns milhares de anos no tempo - quando a humanidade ainda caminhava sobre as planícies em busca de alimento - para as paredes das cavernas.
É amplamente aceito entre os estudiosos que as pinturas rupestres, em sua maioria, ilustrando guerreiros caçadores abatendo suas presas, eram um rito cerimonial através do qual os homens e mulheres primitivos acreditavam capturar a alma de suas presas e que assim no momento do ataque já teriam a vitória praticamente garantida. Isso, muito provavelmente, lhes dava força e motivação extra para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia.
Os ameríndios brasileiros, por sua vez, travavam batalhas e guerras alegóricas. O objetivo de suas escaramuças era provar sua bravura. E mesmo o ato de devorar o adversário vencido era cerimonial, pois dessa forma acreditavam estar se nutrindo das forças e coragem do inimigo.
Mesmo o antigo povo helênico tinha em seus deuses não uma simples devoção religiosa, mas um pano de fundo para as histórias de sua linhagem; para os feitos de seus heróis antigos e antepassados. O mito é o intermediário entre o ser humano e sua experiência de vivenciar o mundo. A maravilha da espécie humana e um dos principais elementos que nos possibilitou sobreviver como espécie é a habilidade de criar ficção. De rir, chorar, sofrer, criar coragem e força através de coisas e situações que nós mesmos criamos. O futebol é parte desse espetáculo de idéias criado pela mente humana e contém em si todos os elementos dignos das mais incríveis epopéias gregas... O mais fraco que vence o mais forte desafiando todos os prognósticos; as reviravoltas inesperadas, a força da superação e o alcance dos feitos dos “heróis” e “vilões” das quatro linhas. E como disse o historiador inglês Eric Hobsbawm:

"A dimensão identitária da nação tem um lócus especial nos esportes, estes seriam uma espécie de reduto do nacionalismo moderno, e as Copas do Mundo de futebol ao longo de sua história se transformaram em evento símbolo desse nacionalismo."


Então, da próxima vez que perguntarem a você “pra que serve o futebol” diga a pessoa que se pergunte para que servem os mitos e lendas que o ser humano cria.

Nunca será só um jogo.