Caros ébrios,
Peço desculpas pela demora nas postagens, mas estava pensando muito em fazer esse texto para vocês. E agora, veio.
Vamos lá.
Temos visto um fenômeno um pouco anti-natural de grandes times caírem para a série B. Motivos são os mais diversos, e vou procurar falar de todos eles.
Começarei pelos mais simples, conforme René Descartes sugere, falando dos grandes italianos.
Milan, Internazionale, Juventus, e até mesmo a Roma já figuraram pelo campeonato secundário das divisões italianas. Contudo, o motivo foi mais "simples", digamos assim. Foi provado manipulação nos resultados de jogos, contando inclusive com prisões de envolvidos. Se lembrarmos de 1982, Paolo Rossi foi preso por esse motivo, e logo depois de liberado da prisão, marcou 3 gols em cima da seleção brasileira e se sagrou campeão mundial em cima da Alemanha. Em 2006, aconteceu o mesmo, e a Azzura sagrou-se campeã em cima da França. Os times envolvidos, se reergueram, em ambas as ocasiões, a seleção se organizou e conquistou na raça o título mundial.
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Esse foi mítico: Saiu da cadeia, e ganhou uma copa! Paolo Rossi! |
Nesse caso, temos algo peculiar: a união entre clubes e seleção para a reestruturação do futebol nacional, e a motivação de um novo título. Contudo, o problema de manipulação de resultados não adiantou muita coisa, e o mesmo problema se manteve. Administrativamente, os clubes não se resolveram. Caso de rebaixamentos de gigantes como Parma, Livorno e Torino. Mas o fato de ter sido descoberto os casos, uniu os jogadores, e acabou rendendo dois inesperados títulos mundiais.
No Brasil, gostaria de pegar dois exemplos antagônicos. Os de Corinthians e Palmeiras. Ambos se deram mal por parcerias, no mínimo, peculiares, que não entrarei no caso por não ser o mais profundo entendedor.
Em 2007, o alvinegro foi rebaixado para a série B em um jogo dramático contra o Grêmio. O torcedor corintiano se recusa a lembrar daquele time, mas era horroroso. Felipe, Otacílio Neto, Perdigão, a eterna dupla de zaga Zelão e Betão (que só serviu para fazer gol no SPFC), Clodoaldo (não o ex-Santos, que com 50 anos jogaria melhor que qualquer um daquele elenco), Arce, Finazzi, Herrera, nossa! QUE TIME HORROROSO!
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Saudades, corintiano? |
Contudo, em 2008, o time se reestruturou, o marketing criou uma excepcional campanha, o famoso "Eu nunca vou te abandonar", lançou a camisa roxa, alusão ao "corintiano roxo", dentre outros. Reformulou o time, a diretoria, a administração, enfim, se tornou uma empresa. Logo, vieram, mais uma copa do Brasil, , Campeonato Brasileiro, Libertadores, Mundial, e dois Paulistas. De fato, foi uma das maiores arrancadas que vimos no Brasil.
Mas o seu maior rival, o Palmeiras, tomou rumos diferentes. A sua queda em 2002 foi surpreendente. O time não era ruim o suficiente para cair, se comparado com o de 2014, que permanecera na elite, por exemplo. Porém, a queda aconteceu. Contudo, a diretoria não mudou, a filosofia administrativa não mudou, e o alviverde, apesar de ter ganho um campeonato paulista em 2008 e uma copa do Brasil em 2012 (com gol do Betinho, meus amigos!), tornou a cair no mesmo ano do título brasileiro.
Foi tardio o despertar Palestrino, contudo, desde o ano passado veio. Corte de gastos, montagem de um time precário em 2014, para economizar, pagamento de dívidas, e muita reza para que não ocorresse uma terceira queda. Este ano, o time está colhendo os seus frutos. Enfim, um time competitivo. Mas, precisou haver duas quedas, para perceber que o futebol não pode ser tratado de maneira amadora. O futebol é uma empresa.
Outro caso, e é o mais recente, é do River Plate. O time "millionario" caiu para a série B para delírio dos torcedores do Boca Juniors, e desespero de seus torcedores. Isso, graças ao péssimo desempenho da diretoria do clube, e uma grande máfia nos bastidores do River. Frutos, mais uma vez de uma administração amadora.
Claro, isso tudo mudou com a mudança de diretoria, e pessoas comprometidas com o alvi-rubro Portenho. O River apostou na categoria de base, trouxe um treinador apaixonado pelo clube, também conhecido como Marcelo Gallardo, e sagrou-se campeão argentino com larga distância, campeão Sul Americano, e o mais novo campeão da Libertadores da América com um time que me encanta em termos táticos. E ouso apostar em uma conquista de Mundial!
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Atual campeão da América, River Plate |
Mas, alguns clubes não mudaram muito esse panorama de cair para a segunda divisão.
Gostaria de ressaltar os gigantes cariocas de General Severiano e da Colina: Botafogo e Vasco da Gama.
Ambos com administrações precárias, mas ainda assim, o time da estrela solitária tem uma perspectiva um pouco melhor, pelo fato de estar se reconstruindo. Já o time da cruz de malta... Veja o seu presidente. É como se o Corinthians colocasse o saudoso Vicente Matheus novamente na presidência do cargo! Fora o time que foi montado. O time do Botafogo, disputando a segunda divisão, goleia o atual time Vascaíno e com méritos!
Finalizando, o futebol de hoje, o principal motivo das quedas dos times, são péssimas administrações. Isso faz com que existam times pessimamente montados, ambiente em bastidores nojentos, brigas internas, o que só pode desencadear uma queda. Contudo, como um clube se torna grande? Mostrando a capacidade de sair de difíceis situações. E alguns clubes se mantêm na mesma situação.
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Torcida mítica do Livorno, da Itália. Um dos maiores clubes do país,
por mais que não tenha uma grande fama, como os rivais do norte. |
Talvez vocês não julguem esses clubes grandes, mas já foram, como Torino, Livorno, Parma, Portuguesa, América/RJ, Bangu, Coritiba (que vive caindo e subindo), Vitória, Bahia, Náutico, Santa Cruz, Paysandu, Guarani (meu santo Odin, salvem o Guarani!) enfim, clubes gigantes que permanecem na mesma situação, e não mostram muito poder de reação (ou nenhum). E as suas diretorias ao invés de lutar para construir uma boa administração, culpam outros diversos fatores.
Enfim, série B é algo totalmente desagradável. Mas que alguns clubes souberam sair de maneira brilhante e reverter em bons frutos. Outros, não aprenderam ainda, mas há esperança.
E enquanto isso, o torcedor sofre.