segunda-feira, 27 de junho de 2016

A UTI do futebol

Um dos maiores erros de análise do futebol é a falta de percepção de grande parte da mídia, e de IMENSA parte dos torcedores, de que títulos não necessariamente representam grandeza ou história no futebol. A Inglaterra é o maior exemplo disso. Tendo vencido um campeonato mundial em casa em 1966 e depois disso jamais chegando à finais de quaisquer competições, a seleção mais antiga do mundo ao lado da Escócia tem a mais irregular trajetória das consideradas grandes seleções.
O que se percebe é uma obsessão por exaltar as seleções da moda. Já que após três títulos de Eurocopa e um mundial, além do ouro olímpico em casa em 1992, sendo três destes títulos citados ganhos pela mesma geração (excepcionalmente talentosa) e que ante os olhares daqueles que só enxergam o "hoje" e, além disso, vêem o título como a única síntese e o espelho de todo um trabalho, fazem da Espanha o "melhor time da história" segundo os "analistas" da superficialidade.
Já os dois títulos mundiais, dois olímpicos e quinze Copas América não fazem do Uruguai um dos grandes do futebol, isso é claro na visão daqueles que entendem pouco da história do futebol.
E o que dizer da Holanda que chegou a seis semifinais de copa do mundo, três finais também de copa do mundo, mais três finais olímpicas e um título da Eurocopa, além de ter montado três dos maiores times que o futebol já viu?
Ou mesmo da antiga União Soviética com o primeiro título da competição, mais três outras finais.
Já no âmbito dos clubes o curioso é que a transitoriedade da "moda" é ainda mais evidente. Em meados dos anos 1990 o marketing fez de dos ingleses e posteriormente dos italianos os "maiores" clubes de todos os tempos. Depois, nos anos 2000 surgiram os, à partir dai "desde sempre", imbatíveis Chelsea e os dois hegemônicos espanhóis Real Madrid e Barcelona.
Mas, aos mal informados, o que dizer dos embates anteriores à tal "colonização" citada anteriormente aqui no Cartolas?
 A "Síndrome de Vira-lata" auto imposta por parte dos sul-americanos endeusa como imbatíveis equipes que, além de depender de forma visceral dos jogadores garimpados de África e América disputam (à exceção da Premiere League) campeonatos fraquíssimos recheados de equipes que desfilariam cambaleantes pela zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
Ainda durante essa e a década passada três dos maiores clubes brasileiros, primeiramente São Paulo que em 2005 venceu o poderoso Liverpool do goleiro Reina que já somava onze jogos sem ter sua meta vazada.
 Já no ano seguinte o Internacional de Porto Alegre venceu o SUPERPODEROSO e MIDIÁTICO Barcelona jogando de igual para igual com a equipe catalã recheada de jogadores contratados a peso de ouro. Uma seleção do mundo. Sequência essa que teve seu último capítulo (até agora) com o incontestável título do Corinthians sobre o bilionário Chelsea e seus craques bancados por infindáveis "Petrolibras" ou "Petrodólares", como queiram.
O que estes títulos têm em comum? O futebol! O futebol superando as cifras. Mostrando que apesar do assédio biliardário do futebol europeu sobre nossos jogadores e da publicidade que joga lado a lado com as equipes do velho mundo o futebol ainda respira.
Ainda no mérito do supervalorizado futebol europeu ainda é preciso citar o absurdo da afirmação de muitos, de que a Espanha produz jogadores aos montes em suas categorias de base. Ora, se essa produção é tão vigorosa, por qual motivo o clube catalão teve sua gloriosa galeria de títulos preenchida graças ao labor de Holandeses, Argentinos e Brasileiros, entre outros?
O curioso é que o efeito da mídia e a influência dos meios de comunicação, do belo e completo trabalho realizado pelos profissionais de comunicação e marketing dos atuais clubes da moda tem inclusive o poder de "apagar" as galerias de títulos de clubes como Boca Juniors, São Paulo, Santos, Nacional URU, Peñarol e mesmo grandes clubes europeus fora dos chamados "Grandes centros" como por exemplo os bicampeões europeus Porto e Benfica ou o tetracampeão europeu Ajax.
Os que pouco observam a trajetória histórica dos gigantes do futebol ignoram o funcionamento da engrenagem que move o pernicioso Futebol Moderno e como o dinheiro sobrepuja a beleza de conquistas de pequenos e valentes equipes como Steaua Bucareste (Romênia), que venceu a Liga dos Campeões da Europa diante do poderoso e rico Barcelona na temporada 1985/86 ou o Estrela Vermelha (Iugoslávia) campeão na temporada 1990/91.
Ao que parece a geração presente quer, de alguna forma, extirpar as glórias dos clubes menores, como se fossem algo ridículo. Sufocar aquilo que é a beleza do esporte e aquilo que o tornou o grande esporte do planeta: A possibilidade de Davi vencer Golias, do pobre se igualar ao rico por meio da garra e talento.
A geração de hoje parece querer a mesmice da polarização forçada. Se esquecendo de que o mundo, muito mais do que dos melhores e mais ricos, se faz dos menores que escalam montanhas com a força das próprias mãos e não de cordas feitas de dinheiro.
O futebol respira por aparelhos.
O



terça-feira, 21 de junho de 2016

A colonização do futebol sul-americano




Em 1434 Gil Eanes, navegador português, com uma tática sofisticada (e arriscada sob o ponto de vista de muitos) cruzou o temido Cabo Bojador ou "Cabo do Medo" (Barreira física que impedia que as embarcações pudessem circunavegar toda a extensão da costa africana) como era também conhecido já que superá-lo, até aquela altura do século XV se mostrava impossível ante as condições geográfica e tecnologicamente adversas.
 Após o triunfo de Eanes abriu-se um novo mundo de possibilidades à nação ibérica. Amparados por uma situação econômica e governamental favorável, além de moralmente embalados pela conquista da Cidade islâmica de Ceuta (cidade localizada num ponto geograficamente estratégico) os portugueses partiram para uma avassaladora onda de conquistas que se seguiriam nos anos vindouros.
Mas que diabos isso tem a ver com o futebol (que estava ainda muito longe de ser concebido da forma como o conhecemos)?
A resposta é simples: Assim como uma gigantesca expansão territorial e de influência política e cultural, inicialmente encabeçada por Portugal, imediatamente seguida nos anos próximos por Espanha e depois por muitas outras nações européias que, a começar por África e poucas décadas depois América, varreu o mundo naqueles tempos - no âmbito do futebol teve início entre o final dos anos 1970 e início dos anos 1980 tendo como colônias de exploração preferidas as terras além do Atlântico.
Assim como a expansão territorial foi motivada por uma série de fatores e pela combinação deles e, em grande medida, também possibilitada por outras tantas causas uma igualmente propícia conjunção de fatores ocorreu com o futebol.
Nos primeiros anos da década de 1980 o Futebol Brasileiro já era tri campeão do mundo; havia mostrado ao planeta o "Rei" do esporte; formado alguns dos mais fantásticos esquadrões que o universo futebolístico já vira; arrastava multidões aos estádios e sobretudo suscitava nas crianças e jovens, praticantes do esporte, o desejo de jogar nas, SIM, mais poderosas (futebolisticamente) equipes do mundo; Flamengo de Zico, Corinthians do Dr. Sócrates, o EXPLOSIVO Vasco de Dinamite (eu não podia deixar a piada passar) os Menudos do Morumbi que viriam e a primeira geração de Meninos da Vila mais famosa do mundo.
 Enfim, o frutífero futebol praticado aqui, embora mantivesse a essência que o fez se espalhar pelo globo, começava a sofrer com a sincronia entre o esporte e a terra onde ele é praticado.
A economia decadente; os altos índices de pobreza e analfabetismo; a hiperinflação, estes eram apenas alguns dos problemas pelos quais o Brasil passava. Problemas estes que, obviamente, se estendiam ao futebol. O atenuante para uma debandada não tão massiva de nossos melhores jogadores, naqueles tempos, era o hoje moribundo "amor à camisa". Muitos jogadores viam os clubes como uma extensão de suas casas - sendo assim algo a ser respeitado. Os campos de várzea e os pequenos campinhos eram ainda abarrotados de crianças numa época em que o real era mais impactante do que o virtual. Os campos e quadras de futsal divertiam as crianças como hoje, infelizmente, os tablets, celulares e afins, fazem - criando uma geração carente de algumas interessantes características.
A Europa no mesmo período caminhava em franca recuperação estrutural, social e econômica depois de viver, no mesmo século, os dois maiores conflitos armados já vistos no mundo.
 O futebol , e a excelência em sua prática, era mais um dos elementos de reafirmação do poder do velho continente e da recuperação da lógica eurocêntrica (apenas mais um dentre outros mais importantes). Isso aliado ao fato de que os europeus começavam a perceber o potencial econômico daquele esporte foram alguns dos fatores (não todos) que levaram grande parte dos países da Europa a estruturar seus clubes e o futebol em moldes empresariais. Em alguns centros o "pé de obra" europeu não era suficiente para gerar o poderio necessário dentro de campo. E então, assim como Portugal, lá no século XV pôde se aproveitar do fato de ser uma dos poucos reinos europeus a não estar vivendo conflitos armados com outros reinos (guerras que causam despesas gigantescas às partes envolvidas) nem conflitos ou perturbações internas) e por isso estar estável organizacional e financeiramente para investir em tecnologia náutica (com auxilio do conhecimento e instrumentação árabe), a Europa dos anos 1980 com seu poderio financeiro e seus projetos empresariais e de marketing para a exploração do futebol, e claro) o momento propício se lançou à America do Sul para explorar o futebol daqui assim como os reinos ibéricos fizeram, com os recursos e riquezas, séculos antes.
Portugal demorou entre 40 e 60 anos para se estabelecer na chamada América Portuguesa, atual Brasil e algumas porções de Argentina e Uruguai e com o movimento expansionista do futebol europeu não foi diferente. Este processo gradativo de "colonização" do futebol sul-americano começou a dar frutos substanciais apenas alguns anos mais tarde. Mas, curiosamente, a idéia que se consolidou no imaginário dos mais jovens é a de que Barcelona, Real Madrid, Manchester United, Milan e outros midiáticos e "empresariais" clubes europeus sempre foram infinitamente superiores aos também gigantes sul-americanos como Peñarol, Independiente, Boca Juniors, Nacional do Uruguai, São Paulo, Santos e outros tantos. O que absolutamente não é verdade. A julgar pelo fato de que o Barcelona, atual clube da moda teve grande parte de sua história construída a partir do talento de Holandeses, Argentinos e Brasileiros e hoje, por exemplo, a espinha dorsal do time é formada por Messi (ARG), Neymar (BRA), Suárez (URU) e Mascherano (ARG). O arqui-rival do clube catalão, Real Madrid tem como seu maior nome o argentino Di Stefano.
Os mais jovens infelizmente não fazem ideia de que os clubes sul-americanos já tiveram SIM poderio técnico para derrotar casualmente os gigantes europeus.
 A relação de interdependência da "Metrópole" com a "Colônia Futebolística" é clara.
Ao longo dos anos 1990 devido a mudança das leis regulamentadoras da relação Clube - Atleta e com o sucateamento do futebol nacional, este, gerado entre outras coisas pela incompetência administrativa dos clubes; as relações espúrias entre empresários; dirigentes de clubes e pais e mães de jogadores deslumbrados pela idéia de fama e fortuna oferecida pelo futebol europeu geraram o loteamento das categorias de base.
 Este processo mais tarde culminaria na decadência da qualidade técnica e tática do futebol sul-americano e influenciaria no enfraquecimento das seleções do nosso continente.
Cabe também dizer que um dos piores e mais evidentes aspectos dessas colonização e extração esportiva é que assim como na colonização territorial toda a cultura produzida por um ou vários povos é assimilada e descaracterizada de maneira forçada. Mas isso é papo pro próximo episódio de "Como destruir o futebol local", série de sucesso entre os dirigentes do Brasil

domingo, 19 de junho de 2016

Sinais amarelos para a Copa do Mundo na Rússia em 2018

Caros botequeiros, estamos de volta, e mais fortes do que nunca!

E vamos lá.

Em 1986, a copa do mundo deveria ser sediada na Colômbia. O campeonato mundial conquistado pelos argentinos (encabeçados pelo endiabrado Don Diego Maradona), foi mudado de sede sob a desculpa esfarrapada de que a Colômbia passava por problemas econômicos.

Aos que viveram a época, podem falar com maior propriedade. Mas, nós estudantes e devotos deste venerável esporte bretão (chupa André, falo mais palavras cultas que você), bem sabemos que foram questões sociais que afastaram a copa do solo colombiano. 

A década de 80 na Colômbia, foi marcada por uma série de conflitos pelo poder colombiano. De um lado, o governo respaldado pelos estadunidenses, com a justificativa de combater o narco-tráfico e o comunismo nas Américas, e do outro lado, traficantes de drogas que tentavam assumir o poder, liderados por Pablo Escobar. Lógico, todo esse contexto abordado de maneira resumida, foi o verdadeiro motivo do local da copa ser alterada.

Mas o que isso tem a ver com o título da matéria? Tudo.

Na faculdade de história, lembro-me de uma máxima nos primeiros dias de aula: "A história nunca se repete. Podem ocorrer fatos semelhantes, com o mesmo desfecho e outros nomes". Ou seja, meus caros, a situação atual da Rússia, está extremamente preocupante em um âmbito social, tão quanto na Colômbia nos dançantes anos 80.

Começa com a queda de vários membros da alta cúpula da FIFA, incluindo Jérome Valcke, e Joseph Blatter, sob denúncias de corrupção para que as copas de 2018 e 2022 fossem realizadas na Rússia e no Qatar respectivamente. Todo esse escândalo, coloca em cheque a questão moral dos políticos em ambos países.

Logo, vemos a Rússia, que toma a região da Crimeia pertencente à Ucrânia, aspirante a grandes chances de uma vaga em copa do mundo. Tendo isso em vista, como os torcedores conterrâneos do grande atacante Andrey Shevshenko (imbatível no Winning Eleven 8) serão recebidos em território russo? Provavelmente de modo hostil, tendo em vista a resposta do governo russo em relação aos Hooligans ex-soviéticos.

Semana passada, Holligans russos e ingleses se enfrentaram em solo francês, antes da partida. A polícia francesa prendeu os torcedores de ambos os lados. Contudo, o que mais destacou, não foi só o horrendo ato. O que destacou, de modo extremamente negativo, foi uma carta do governo russo os chamando de "Homens de Verdade", parabenizando a ação psicótica de seus compatriotas.
Hooligans russos se enfrentando contra os ingleses. (fonte:http://br.investing.com/news/not%C3%ADcias-gerais/hooligans-russos-treinaram-para-a%C3%A7%C3%A3o-violenta-em-marselha,-diz-procurador-186496)

Agora, imaginem o que irá acontecer com os torcedores contrários às suas convicções? Torcedores ucranianos, estadunidenses, ingleses, dentre outros rivais políticos, poderiam ir assistir a copa de maneira segura?

Lembrando também, que a Rússia possui leis severas contra a homossexualidade no país. Imaginem torcedores homoafetivos em solo russo? O que poderia acontecer?

Isso, sem contar que a Rússia se posiciona como um país extremamente fechado politicamente, aonde poucas pessoas sabem o que se passa por lá.

A grande questão, é que a Rússia, um país belíssimo, não garante a segurança necessária para receber turistas de todas as partes do globo terrestre. Diferentes países, abordam diferentes culturas, que se opõem à cultura russa. E esses casos de intolerância vistos na Eurocopa, e nos noticiários que registram casos de xenofobia e homofobia, e o respaldo do governo russo à favor dos cidadãos que cometem infrações, que fora de seus países são crimes, não mostra segurança alguma aos turistas que vão ao gélido país.

Assim como na década de 80, vemos um país que oferece riscos aos seus visitantes. Pela lógica, a Rússia não é o país mais indicado para receber, por hora, uma copa do mundo. Mas diferente da Colômbia, os russos possuem dinheiro. E muito. Vejam o dono do Chelsea, por exemplo. E isso, é um fator determinante para fazer  com que a Rússia se mantenha como anfitriã do maior evento social esportivo do mundo.

Agora, até que ponto, o poder aquisitivo deve superar a segurança de seres humanos? Espero, que o governo russo apresente garantias legais junto à FIFA que garantam a segurança dos cidadãos russos e de todo o mundo. 

Contudo, por hora, o governo russo dando respaldo ao hooliganismo, não nos traz nenhuma boa esperança. O único sentimento que nos trás, é o de medo.

Nota.: André é o nosso novo colunista cartoleiro. Em breve, mais postagens minhas, do Gustavo e do nosso novo confrade.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Futebol de "Primeira Classe".

Amparados pela idéia das famigeradas NOVAS ARENAS alguns dos maiores clubes do Brasil estão, por meio do alto preço dos ingressos e da péssima formatação dos programas de "sócios", filtrando (na pior conotação que pode se aplicar à palavra) o perfil do torcedor que frequenta as praças esportivas futebolísticas. E para abrir a discussão eu deixarei uma reflexão: Os maiores clubes do Brasil têm torcidas que giram na casa dos milhões - as maiores inclusive passando da casa da dezena de milhão - sendo assim o "grosso" do contingente de torcedores é infalivelmente composto por uma população de baixa ou média renda. Já que obviamente não temos no Brasil milhões e milhões de milionários.
Ainda no âmbito da discussão quantitativa fica fácil dizer que com a sofrível estrutura (em termos de abrangência) dos programas  sócios dos clubes,  que eles criam um "clubinho" daqueles que têm o direito de acompanhar aquela que durante mais de um século foi a diversão das massas. Os lugares restantes nessas ARENAS, os poucos que ficam disponíveis para o grande público têm seus ingressos a preços abusivos.
 A filtragem do público (fenômeno que ocorre também, embora em menor escala, nos estádios mais antigos) acontece de forma crescente nos  e ARENAS do país.
Consideremos o salário mínimo brasileiro que não atinge 900 reais. Agora imaginemos que um ingresso para uma partida de relevância secundária custe por volta de 50 reais e que o ingresso para um jogo decisivo custe por volta de 150. Imagine o estrago que a diversão e paixão, anteriormente POPULAR, não causaria no orçamento mensal de uma família padrão?
Argumentos como: "aquele que compra mais tem mais privilégios"; "É um prêmio à assiduidade" são disparados aos montes, mas que assiduidade pode ter um cidadão que, antes de qualquer hobby, precisa sustentar sua família com um ordenado mensal rarefeito?
 Este cidadão de baixa renda. Aquele que constitui, em maior número as enormes torcidas do futebol brasileiro, tem sua assiduidade como torcedor interrompida pela barreira representada pelos valores dos ingressos e fomentada pelos falhos programas de sócio. Programas estes que negam inclusive um setor do estádio que seja reservado aos torcedores que apoiaram os clubes ao longo de suas histórias, em alguns casos, centenárias.
Talvez a intencionalidade por trás  filtragem social do público de futebol explique a drástica diminuição da capacidade dos estádios, já que dificilmente se conseguiria 120, 150 mil pessoas que pagassem mais de cem reais por um ingresso.
A paixão dos torcedores que é, antes, sufocada a cada dia pelo loteamento inescrupuloso das categorias de base, que afeta diretamente a qualidade do futebol praticado em nossas terras, e pelo poder midiático exercido pelas equipes europeias, este que cria o absurdo entre os adolescentes - que deixam de lado os clubes nacionais e se declaram torcedores do Real Madrid, do Barcelona.
 Essa mesma paixão que elevou os clubes brasileiros a um alto nível nas décadas de 50,60, 70, 80, 90 e o início dos anos 2000 enfrenta agora, além da decadência técnica, tática e organizacional, a deliberada filtragem do perfil do torcedor. Eliminando as massas, que como no caso do Corinthians, por exemplo, dão característica aos clubes.
O que se expõe aqui não é a baixa média de público nos estádios (no caso de Palmeiras e Corinthians as médias são altas) o que se aponta aqui é a tipificação forçada do público; O futebol excludente; A mudança forçada da característica do frequentador do estádio; A exclusão de um em detrimento do outro quando poderia haver a mescla. O tal "Futebol Moderno", modernidade que, ao que parece, renega o pobre