sexta-feira, 17 de junho de 2016

Futebol de "Primeira Classe".

Amparados pela idéia das famigeradas NOVAS ARENAS alguns dos maiores clubes do Brasil estão, por meio do alto preço dos ingressos e da péssima formatação dos programas de "sócios", filtrando (na pior conotação que pode se aplicar à palavra) o perfil do torcedor que frequenta as praças esportivas futebolísticas. E para abrir a discussão eu deixarei uma reflexão: Os maiores clubes do Brasil têm torcidas que giram na casa dos milhões - as maiores inclusive passando da casa da dezena de milhão - sendo assim o "grosso" do contingente de torcedores é infalivelmente composto por uma população de baixa ou média renda. Já que obviamente não temos no Brasil milhões e milhões de milionários.
Ainda no âmbito da discussão quantitativa fica fácil dizer que com a sofrível estrutura (em termos de abrangência) dos programas  sócios dos clubes,  que eles criam um "clubinho" daqueles que têm o direito de acompanhar aquela que durante mais de um século foi a diversão das massas. Os lugares restantes nessas ARENAS, os poucos que ficam disponíveis para o grande público têm seus ingressos a preços abusivos.
 A filtragem do público (fenômeno que ocorre também, embora em menor escala, nos estádios mais antigos) acontece de forma crescente nos  e ARENAS do país.
Consideremos o salário mínimo brasileiro que não atinge 900 reais. Agora imaginemos que um ingresso para uma partida de relevância secundária custe por volta de 50 reais e que o ingresso para um jogo decisivo custe por volta de 150. Imagine o estrago que a diversão e paixão, anteriormente POPULAR, não causaria no orçamento mensal de uma família padrão?
Argumentos como: "aquele que compra mais tem mais privilégios"; "É um prêmio à assiduidade" são disparados aos montes, mas que assiduidade pode ter um cidadão que, antes de qualquer hobby, precisa sustentar sua família com um ordenado mensal rarefeito?
 Este cidadão de baixa renda. Aquele que constitui, em maior número as enormes torcidas do futebol brasileiro, tem sua assiduidade como torcedor interrompida pela barreira representada pelos valores dos ingressos e fomentada pelos falhos programas de sócio. Programas estes que negam inclusive um setor do estádio que seja reservado aos torcedores que apoiaram os clubes ao longo de suas histórias, em alguns casos, centenárias.
Talvez a intencionalidade por trás  filtragem social do público de futebol explique a drástica diminuição da capacidade dos estádios, já que dificilmente se conseguiria 120, 150 mil pessoas que pagassem mais de cem reais por um ingresso.
A paixão dos torcedores que é, antes, sufocada a cada dia pelo loteamento inescrupuloso das categorias de base, que afeta diretamente a qualidade do futebol praticado em nossas terras, e pelo poder midiático exercido pelas equipes europeias, este que cria o absurdo entre os adolescentes - que deixam de lado os clubes nacionais e se declaram torcedores do Real Madrid, do Barcelona.
 Essa mesma paixão que elevou os clubes brasileiros a um alto nível nas décadas de 50,60, 70, 80, 90 e o início dos anos 2000 enfrenta agora, além da decadência técnica, tática e organizacional, a deliberada filtragem do perfil do torcedor. Eliminando as massas, que como no caso do Corinthians, por exemplo, dão característica aos clubes.
O que se expõe aqui não é a baixa média de público nos estádios (no caso de Palmeiras e Corinthians as médias são altas) o que se aponta aqui é a tipificação forçada do público; O futebol excludente; A mudança forçada da característica do frequentador do estádio; A exclusão de um em detrimento do outro quando poderia haver a mescla. O tal "Futebol Moderno", modernidade que, ao que parece, renega o pobre

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